sábado, 6 de fevereiro de 2010

Frente e verso de um papel - parte 2

Odeio chegar atrasado, assim como odeio faltar. Sempre vou devagar, a passos largos e só dou bom dia a quem me dá. Vou direto à minha mesa, sempre de acordo com o mapa de sala - já que não tenho motivos para desrespeitá-lo - e ponho meu material lá. Depois pego a mesa do professor, coloco-a contra o quatro e sento, na maioria das vezes, de pernas cruzadas sob ela.

Fico lá até o toque, com ou sem a companhia de alguém, uma vez que não faço questão de conversar muito. Saio antes que o professor me note e volto para a carteira, onde meu casaco me espera. Não gosto de emprestá-lo às pessoas, só as vezes para alguma amiga. Costumo vesti-lo mesmo quando está quente, já que posso esconder algo que tenho na minha mão. Não consigo dormir de jeito algum na aula, mas gosto de abaixar a cabeça sempre que posso.

E como nem todos os horários são de Magno, fico com a cabeça baixa por muito tempo, virada para o lado. Olho todos da sala, passo a vista em Larissa, em Priscila, mas me pergunto o que vi e o que vejo nelas. Nada. Inconsientemente repito isso várias vezes ao dia, como se precisasse descobrir o motivo. Aprendo parte do conteúdo em todas as aulas, nunca tudo, nunca nada, mas sempre o suficiente para passar. Parei de fazer comentários desde a metade do ano passado, após várias ameaças e xingamentos de vocês sabem quem. Desde então não comento como antes, muito menos participo das aulas.

Não tenho motivos para sair da sala no intervalo, então fico por lá mesmo. As vezes consigo puxar papo com alguém, no dia consegui com Rafael. Escutei ele falar de várias coisas, mas eu não tinha muito o que falar, embora não tenha cortado a conversa por causa disso. Perguntei umas coisas a ele, mas logo o intervalo acabou e voltei para a sala.

A maioria das pessoas tem pressa para que a aula termine, ou se agitam demais durante a troca de professores, mas agir assim não vai matar o tempo. Não para mim, quem ainda vai de transporte escolar para casa. Ao terminar a aula, vou direto para a besta e sento logo no banco ao lado da porta. Quando mais pessoas entram, abro a porta para cada uma delas, ainda com um costume besta e antigo. Pergunto uma ou outra coisa a quem estiver por perto, mas certas pessoas adoravam levar um Ipod para escutar música, então eu não tinha como conversar muito...

Espero pacientemente até chegar em casa, por mais que a fome me devore. Lembro-me rapidamente do dia assim que chego em casa, as vezes fico triste, as vezes fico feliz e repasso os acontecimentos para o pessoal aqui de casa. Isso, claro, todo dia. Todo dia.

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